A colonização agrária prusso-alemã no Brasil meridional: o Urwald e as mudanças socioecológicas na Mata Atlântica (século XIX)
DOI:
https://doi.org/10.29182/hehe.v27i3.1027Resumo
Este artigo examina a colonização agrária alemã-prussiana no sul do Brasil do século XIX, com foco nas transformações socioecológicas na Mata Atlântica (“Urwald”). Os imigrantes alemães, especialmente em regiões como o Rio Grande do Sul, encontraram vastas florestas subtropicais que haviam sido administradas por comunidades indígenas e tradicionais, o que levou a uma tradução significativa das culturas agrárias e florestais. As práticas dos colonos, notadamente o uso controlado do fogo (Roçawirtschaft), foram informadas pelos sistemas de conhecimento europeu e indígena, remodelando as ecologias locais, conduzindo ao desenvolvimento da agricultura. Este estudo aborda como os colonos alemães navegaram pela paisagem, convertendo terras florestais em zonas agrícolas, e contempla as implicações mais amplas dessa transformação na biodiversidade, no uso de recursos e na dinâmica socioambiental. Além disso, explora o pano de fundo ideológico do nacionalismo alemão e o discurso sobre a natureza selvagem que influenciou as percepções da Mata Atlântica, justapondo-o às paisagens florestais alemãs. Ao analisar as narrativas dos colonos, este estudo contribui para a compreensão da mudança ecológica em contextos de colonização agrária e destaca as complexidades que envolvem a adaptação agrícola, a transferência tecnológica e a mercantilização da paisagem no processo de assentamento das populações alemãs no Brasil meridional.
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