Dívida externa brasileira, 1850-1913: empréstimos públicos e privados
DOI:
https://doi.org/10.29182/hehe.v4i1.87Resumo
Os exame da dívida externa brasileira até 1930 tem se centrado em duas características sem dúvida marcantes: o predomínio dos empréstimos públicos, em grande parte voltados à cobertura do déficit público, e a presença dos banqueiros ingleses, principalmente da Casa Rothschild, como agentes típicos dos empréstimos realizados. Neste artigo procuramos explorar alguns outros aspectos da dívida brasileira até hoje pouco estudados. De um lado, levantamos alguns exemplos de empréstimos privados realizados por bancos estrangeiros e empresas ou empresários brasileiros, inclusive industriais. Este tipo de empréstimos tem tido um lugar limitado na historiografia econômica devido à ausência de dados agregados que possam determinar sua magnitude no conjunto da dívida externa brasileira. Apesar disso, é de interesse observar sua realização, os procedimentos que eles envolveram e, às vezes, um final não muito feliz para credores e devedores. Por outro ladro, procuramos mostrar que a história da dívida pública externa do Brasil no período não pode ser limitada ao binômio credor inglês-empréstimo público para cobrir o décifit público. Houve expressivos empréstimos realizados para investimentos em estradas de ferro. Além disso, nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial, o mercado financeiro de Paris teve forte participação (talvez até majoritária) no lançamento dos títulos representativos dos novos empréstimos ao Governo Federal, a governos estaduais e municípios, e também a empresas privadas (em alguns casos com o aval do Governo Federal). Além disso, estimativas do estoque de capital estrangeiro no Brasil, entre 1825 e 1930, indicam a tendência de redução de parcela representada pela dívida pública.
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