A diplomacia financeira do Brasil no Império
DOI:
https://doi.org/10.29182/hehe.v4i1.86Abstract
A falta de recursos em divisas fortes sempre constituiu um dos grandes problemas econômicos do Brasil, praticamente desde sua emergência enquanto nação autônoma. "País sem capitais, o Brasil [imperial] estava forçosamente destinado a ser um país vivendo financeiramente de empréstimos" (Lima 1986:157). De fato, confrontado à penúria de capitais para a construção do novo Estado independente, o Governo imperial contraiu inúmeros empréstimos ao longo do século XIX, sendo três no Primeiro Reinado, um durante as Regências e treze durante o Segundo Reinado, num total de 17 operações externas - ou seja, uma a cada quatro anos aproximadamente. A quase totalidade desses empréstimos foi, sob instruções das autoridades fazendárias, negociada pelos diplomatas brasileiros lotados em Londres junto a banqueiros privados da City, com ênfase para a Casa Nathan Mayer Rothschild & Irmãos. Não foi incomum o pagamento de comissões sobre os empréstimos - muitas vezes em caráter informal, outras oficialmente - a esses diplomatas temporariamente convertidos em "agentes da Fazenda Nacional", prática então julgada moralmente aceitável, senão tolerada como inevitável. Ela foi em diversas ocasiões justificada com base nos trabalhos de preparação, escrituração e registro dos vários papéis envolvidos em cada operação financeira.
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