Parceiros, pequenos proprietários e diaristas: migrantes e imigrantes de língua alemã nas províncias de Santa Catarina e Espírito Santo (1840-1860)
DOI:
https://doi.org/10.29182/hehe.v27i3.1026Resumo
Este artigo tem como objetivo examinar questões relativas à propriedade da terra e às relações de trabalho livre existentes nas principais colônias rurais de imigrantes de língua alemã estabelecidas nas províncias de Santa Catarina e Espírito Santo entre 1840 e 1860. Especificamente, são avaliadas as circunstâncias da fundação e o desenvolvimento inicial das colônias Blumenau, Dona Francisca e Santa Isabel, na província catarinense, e Santa Leopoldina, Santa Isabel e Rio Novo, no Espírito Santo. Destaca-se que, apesar de serem pequenos proprietários rurais, a maioria dos imigrantes estabelecidos nas colônias Dona Francisca e Blumenau trabalhava em atividades remuneradas paralelas à agricultura, dedicando-se apenas parcialmente ao cultivo de suas terras. Além disso, o artigo ressalta que, na mesma época em que grandes cafeicultores paulistas e fluminenses empregaram europeus como parceiros nas suas fazendas de café, o sistema de parceria como forma de relação de trabalho livre também foi experimentado na colônia Dona Francisca, um dos mais importantes núcleos de colonização alemã do Brasil no século XIX. Este estudo ainda traz à luz a história dos Kaffeepflücker (colhedores de café) na colônia Santa Isabel, em Santa Catarina. Pouco conhecida na historiografia econômica, a história dos Kaffeepflücker constitui um dos mais interessantes capítulos da imigração alemã para o Brasil no século XIX, ressaltando a migração interprovincial de estrangeiros inicialmente contratados para trabalhar como parceiros nas regiões cafeeiras do Rio de Janeiro e São Paulo. Nesse contexto, este artigo ainda destaca a migração interprovincial de colonos parceiros em direção ao Espírito Santo, bem como a colonização alemã na província capixaba, onde os colonos foram assentados como pequenos proprietários rurais e alcançaram relativa prosperidade a partir do livre cultivo de café.
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